Capítulo III: Saque da união, fim do investimento e custos absurdos com insumos

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Nesse TERCEIRO ARTIGO DE UMA SÉRIE sobre a situação financeira e administrativa da ECT, continuamos a abordar os motivos do não provado e cada dia mais claramente falacioso déficit financeiro alegado pela direção dos Correios.
Por serem vários, serão expostos em três artigos diferentes.

No 1º artigo – leia AQUI – abordamos a redução da atividade econômica, a elevação vertiginosa do volume de indenizações e a defasagem tarifária. No 2º artigo vimos mais dois aspectos: custos com pessoal e elevação artificial nos custos com Benefício Pós-Emprego (veja aqui).

Os argumentos estão baseadas nas conclusões e achados da auditoria pública feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) – leia AQUI.
Segundo ela, o problema dos Correios é MÁ GESTÃO, e isso levou à classificação das contas dos membros da Diretoria Executiva da ECT como IRREGULARES. Os auditores acharam inúmeros dados e ações que consideraram mal feitos, mal planejados e até causadores de suspeitas.

Queremos mostrar com essa série que dificuldades operacionais e déficit não são resultados da redução da entrega de correspondências e dos avanços tecnológicos como diz Guilherme Campos.

Muito pelo contrário. Os Correios são uma empresa com enorme potencial e atuam num mercado próspero e crescente. O comércio pela internet e a entrega de encomendas estão crescendo e se tornarão dominante. Os Correios podem ser líderes absolutos nesse segmento e na logística e se tornarem uma empresa ainda mais forte e lucrativa do que sempre foi.

Mas os empresários e as multinacionais são contra. Querem esse mercado altamente lucrativo para eles. Por isso colocaram seus representantes na direção dos Correios para destruir a imagem da empresa, enxugar os custos com mão de obra, terceirizar tudo que der e privatizar o que sobrar.

• Elevação exagerada dos Custos com Insumos (materiais, equipamentos, etc)

No período de 2011 a 2016, a despesa com insumos (os gastos com a compra de materiais e equipamentos), aumentou 179,73%, passando de R$ 2.973.311.000,00 para R$ 5.343.898.000,00. Este aumento foi muito maior que a inflação registrada pelo IPCA no período.

A CGU apontou que o risco de fraude é muito grande quando uma mesma gerência faz todo o processo de compra e pagamento, ou seja, o que ocorre na ECT é: “a subordinação das atividades de compras, pagamentos, registros contábeis e conciliação contábil à mesma Vice-Presidência, prejudicando o princípio da separação de atribuições ou responsabilidades entre diferentes pessoas, especialmente as funções ou atividades-chave de autorização, execução, atesto/aprovação, registro e revisão”.

Aqui, a conclusão fica clara, e cada pessoa pode tirar a sua própria.

• Transferência exagerada de recursos para a “União” zerou o caixa

O governo saqueou o caixa da ECT. Foram cerca de R$ 6 bilhões transferidos para a “União”, ou seja, para o governo federal, valor muito acima do que a empresa poderia suportar.

A CGU aponta que nos “exercícios de 2011, 2012 e 2013 foram repassados para a União (controlador), a título de dividendos e juros sobre capital próprio, R$ 1.743.000.000,00, R$ 825.000.000,00 e R$ 401.100.000,00, respectivamente, totalizando quase 3 bilhões”. Além desses houve posteriormente repasses complementares.

• Redução nas Aplicações Financeiras

Aponta a CGU que “no período de 2011 a 2016, o volume de recursos em aplicações financeiras reduziu 66,01%, passando de R$ 5.993.293.000,00 para R$ 2.036.960.000,00 (hoje não tem mais nada). Esta redução impactou diretamente no resultado financeiro e, consequentemente, no resultado de cada período.”

Ou seja, os repasse ao governo acima da exigência legal reduziram drasticamente a capacidade de investimento da empresa e a sua viabilidade econômica financeira, uma vez que os juros e dividendos captados no mercado de capitais eram vitais para fluxo de caixa e complementação financeira.

No próximo artigo abordaremos:

• Insuficiência nos Controles Internos Administrativos e na gestão tecnológica da informação.

• Irregularidades nos processos licitatórios e nos resultados das consultorias contratadas.

E na sequência o que a CGU apontou como má gestão e soluções possíveis para os problemas apontados, muito diferentes do que está sendo proposto e encaminhado pelo governo Temer e seu preposto na direção dos correios.

Acompanhe essa série aqui no site da ARACT-SP!

OBS 1:

CGU é o órgão Federal que realiza anualmente auditoria de contas nos Correios e nas outras estatais. Os auditores são funcionários públicos concursados, bem qualificados e bem pagos, o que é fundamental para a realização de auditorias isentas de politicagem. Os resultados são bem diferentes das auditorias pagas por Guilherme Campos para fiscalizar ele próprio.

OBS 2:

A CGU efetuou análises em conformidade com o estabelecido no Anexo II da DN-TCU nº 156/2016:

• Avaliação da Conformidade das Peças;

• Avaliação dos Resultados Quantitativos e Qualitativos da Gestão;

• Avaliação dos Indicadores de Gestão da Unidade;

• Avaliação da Gestão de Pessoas;

• Avaliação da Regularidade dos Processos Licitatórios;

• Avaliação da Gestão de Tecnologia da Informação;

• Avaliação dos Controles Internos Administrativos;

• Avaliação dos Controles Internos Contábeis.

Fonte: SINTECT-SP

Publicada dia 19/03/2018 20:13



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